terça-feira, 24 de junho de 2008

PROMETO


Se um dia você falar "ele é minha cara- metade", procure um terapeuta.

Se disser "não posso viver sem ele", dirija- se a um psiquiatra antes que seja tarde. (E eu fui!)

Você pode ter engolido o mito de que não é uma pessoa inteira, de que precisa que outra a complete. E a probabilidade de essa pessoa existir, exatamente como nos nossos sonhos, é nula.

Nada impede um apaixonado de acreditar nisso.

Sonhamos, inevitavelmente, com o par ideal.

Conseguimos desenhá-lo num painel imaginário, seu caráter, sua cultura.

Depois de um tempo ficamos íntimos, batemos altos papos.

Até de moda a criatura entende!..hahahahaah...

O que mais encanta é a dedicação, a atenção, a proteção.

E, pra finalizar, que corpo!!!

Agora é só conhecer um rosto que caiba nesse retrato.

Se é diferente, a gente não percebe. Atitudes que não correspondem, a gente não registra. Durante anos a fio, obrigaremos muitos desavisados a enfiarem a cara ali.

Um belo dia...

Chegou, é ELE, o homem da nossa vida.

Somos feitos um pro outro, unha e carne, corda e caçamba.

Românticas, queremos uma casa no campo, orgasmos fenomenais, jantares à luz de velas... (Pensando bem, era a única vela da casa em dia de apagão, e eu lavei a louça no escuro, pois ele precisava de luz pra ler o jornal na cama.) Depois de um tempo, admitimos que ele mudou - o que pode levar meses ou anos.

Vem a intolerância:"Pô, custava ler na cozinha e dividir a vela comigo?"

Um belo dia... Cadê o homem da nossa vida?

Acabaram os papos, passamos horas em silêncio.

Sem querer, meu dedo em riste aponta pra cara dele:"Você mudou, ficou egoísta".

Ele reage: "Sempre fui assim.Você é que virou uma chata, por que casou comigo?"

Pergunta cretina. Casei porque tinha certeza de que meu amor o transformaria.

Ingrato, abri mão de muitas coisas pra fazê-lo feliz.

Assisti futebol, parei de trabalhar o dia todo, transei de manhã. E quando nos damos conta estamos unidos não pelas afinidades, mas pelas diferenças. Não pelo amor, mas pela doença.

Pára tudo!!!! Vamos olhar para a vida a dois como ela é.

Se eu nunca falei que odeio futebol e sempre fingi orgasmos matinais, como ele poderia adivinhar que eu estava infeliz?

Chega de Shakespeare, hoje ninguém levaria Romeu e Julieta a sério.

Relações doentes, infelizes e neuróticas são boas pra letra de música, novela das 8, folhetim...

Não estamos mais mergulhados na ingenuidade das mitologias da idade antiga.

Somos livres pra tentar relações que nos façam sentir bem. Quero combinar uma coisa com vocês, meninas: vamos prometer nunca perder a coragem de ser feliz?