sexta-feira, 5 de junho de 2009

Perspectiva


Adoro reticências! As reticências dizem tanto sobre a nossa forma de ser... Elas permitem a livre divagação da fantasia humana, nos dão o sentido da continuação, nos permitem sonhar... O que seria de nós sem a expectativa de continuação? O que faríamos se não pudéssemos imaginar o que vem depois? Não há nada mais angustiante do que me deparar com um ponto final. O final da frase é para mim algo como a morte de uma idéia, a definição crua de uma verdade, a impossibilidade de pensar no depois. Quando me vem um pensamento, quase nunca consigo materializá-lo. Ele viaja a anos luz de minha capacidade de verbalização ou escrita. Pôr um ponto final é, por isso mesmo, sacrificar a riqueza imaginativa de que somos capazes em prol de uma mera coerência textual. As reticências me dão a sensação do absoluto, do infinito possível depois da racionalização, tanto quanto me transmitem o vago, a imprecisão, a incerteza, todos faces da mesma moeda... Flutuar no terreno destes três pontinhos é algo como acompanhar Alice em suas maravilhas, esperar pelo boto na beira do rio, visitar o reino de Oz, buscar o fim do arco-íris, entrar com Maída pela porta da poesia... É a expectativa do “talvez...”, do “e então...” do “quem sabe...”. É a emoção diante do que pode ser, do que já é, mas que ainda não é realmente. Esta é uma mágica sensação que só é possível àqueles que se permitem sonhar, que se extasiam ao contemplar o nada, que não esperam ser compreendidos, e, na verdade, nem querem compreender, àqueles que nunca se cansam de imaginar... e agora, o que será?


(...)

Ain, tô mal, saco cheio, bolachas, coca-cola, Benhê, beijos, noite, insonia, filme, jogos, bolo.
Não sai da minha cabeça mais!!!!
*-*
a.e.