sexta-feira, 29 de maio de 2009

Tecno - logia


Hoje em dia a pizza vem congelada, a roupa lava sozinha, o Mc Donalds entrega em casa, e o filme não precisa mais rebobinar. Ninguém abre a Barsa pra fazer um trabalho, cada um tem seu celular, e é tudo tão cômodo que a gente ate se esqueceu que nem sempre foi assim.

A tecnologia nos deu um mundo novo: mais rápido, mais fácil e, antes de mais nada, passageiro. O hotmail rasga automaticamente as minhas cartas, as fotos somem sempre que o computador estraga, todo mês a Tim lança quatro ou cinco modelos diferentes de celulares. Estranho? Claro que não. Já estamos tão acostumados que mal percebemos a insolidez e instantaniedade das coisas.

E não é à toa. Nos vestimos assim, comemos assim, e o mais triste: nossos relacionamentos também são assim. A minha geração inventou o "ficar" e admite tranqüilamente sexo sem compromisso. Diferente da minha mãe, eu não preciso namorar pra beijar na boca, nem casar pra deixar de ser virgem e, se ao 17 eu me sentia em vantagem, hoje, alguns anos depois, eu começo a admirar aqueles tempos.
Para onde foi o romantismo, o amor verdadeiro, as flores, as declarações? O que aconteceu com a intimidade, com o respeito e a confiança? Será que ninguém mais acredita na felicidade calma das terças feiras chuvosas, na alegria constante de se querer quem se tem?

O consumismo nos induz a um estado de insatisfação permanente, que aplaude o digital e o descartável e abomina tudo o que é eterno e trabalhoso. Talvez seja por isso que a idéia de amar assuste tanto: a concepção de um sentimento duradouro e complicado contraria os valores vigentes, tornando-nos confusos e vulneráveis. É fácil conquistar uma menina por uma noite, é fácil ser atraído por um decote, difícil é querer estar com ela o tempo todo, difícil é não ter medo de ser feliz!

Eu posso parecer atrasada e até meio cafona, simplesmente não tenho outra opção.

Enquanto a internet não disponibiliza uma versão melhor, eu fico com esse meu coração de sempre, que já não acredita em romances express, nem se contenta com amostras grátis de amor.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ei..


Posso ficar na sua casa hoje?

Abra a porta e me receba de braços abertos. Talvez seja essa a minha maior carência: um abraço. Sem obrigação ou frieza. Cheio de ternura e acolhida. Como deveria ser sempre.

Não, não digas nada. Palavras hoje são dispensáveis. Vamos relembrar aquele tempo em que bastava um olhar para que tudo fosse compreendido. Não é saudosismo, nem a ilusão de que ontem foi melhor que o presente. Falo da sabedoria quem vem com o tempo e que nos ensina que todo momento deve ser apreciado. Pegar o que houve de melhor, aprender com o que doeu e seguir. Em frente, ao lado, em cima embaixo. Pouco importa.

Despojaremos no colchão no chão. Aquele que apesar de velho continua confortável. As almofadas amarelas que por várias vezes caíram quando resolvíamos pôr ordem em casa. Mas hoje só as almofadas. Esqueça a ordem. Me traga pijamas e porcarias pra comer.

Vamos assistir à comédias, dramas, aventura. Chorar e rir. Extremos da terapia alternativa que é a sétima arte. Um brinde à catarse!

A essa altura nem preciso dizer que os telefones estarão desligados. Por que é tão fácil se conectar e não se ligar a ninguém? Hoje, interações pessoais só as face-a-face. Você e eu.

Se acaso tiver um daqueles compromissos inadiáveis, não se preocupe. Deixe a porta aberta. Ao voltar eu estarei à sua espera.

Vitrola: Ray LaMonatagne – Be here Now

Quando ??


- Posso fazer uma pergunta?
- Claro.
- Quando é que você se apaixonou por mim?
- Naquele dia em que você disse que lia até bula de remédios. Adoro mulher que lê.

Inquieto


Já me sentei e levantei várias vezes.
Busquei os lenços de papel. Peguei uma bebida. Respondi as mensagens de celular. Olhei as louças sujas, mas decidir não lavá-las. Só agora comecei a escrever. Sinto muito. Preciso levantar novamente. (...)

(...) Olhei mais uma vez o celular. Respondi mais mensagens. Fui ao quarto pegar casaco. Ajeitei um pano. Coloquei uma música e não gostei. Voltei a escrever. Tomo um gole da bebida. E mais outro. E não me entorpeço. Continuo procurando uma canção. Que seja capaz de me inspirar e acalentar essa ansiedade toda. E não encontro.

Apago a luz e fico a espera de uma idéia. Até que depois de outro gole ouço na vitrola um jazz. “Dance me to the End of Love”. Me imaginei nos anos 30 como algum personagem de um escritor americano, bebendo um vinho barato, em frente a máquina de escrever prestes a criar o melhor texto de sua vida. Capaz de pagar suas dívidas e trazer consigo um grande amor. Nada mais marginal que isso, nem nada mais solitário.

E cá estou eu. Sem grandes pretensões quanto a essa produção. A bebida também está aqui. Mas não é um vinho barato. E a minha “máquina de escrever”, reluzente na sala escura, libera a trilha que só eu sou capaz de ouvir.

Quem seria capaz de escrever um personagem como eu? Tão cheia de ângulos? O avesso do avesso? Tão inquieto quanto eu.

Totalitária


Hoje acordei meio totalitária

Não quero saber de meio ambiente, nem de paz no mundo

Não quero pagar a dívida externa, nem falar de democracia


Hoje acordei meio totalitária

Não quero respostas, nem surpresas

Não quero perguntas, nem imperativos



Hoje acordei meio totalitária.

Não quero palavras, nem ponto-e-vírgula

Não quero opiniões, nem inferências


Hoje acordei meio totalitária.

Não quero previsão do tempo, nem café com torradas

Não quero almoço, nem esperar pela sobremesa


Hoje acordei meio totalitária.

Não quero andar a passos largos, nem pedir carona

Não quero dividir, nem somar


Hoje acordei meio totalitária

Tudo que eu preciso é dormir e acordar novamente...



"E se me achar esquisita, me respeite também.

Até eu fui obrigada a me respeitar" Clarice Lispector

quarta-feira, 20 de maio de 2009

28


28 de maio.
Era uma quarta-feira.
Nasci mais ou menos nesse horário que escrevo. (Sinal de madrugadas em claro?)
O signo gêmeos, o ascendente Cancer e a lua em escorpião. (Mística?)
Nasci para o movimento. (Preguiça, também há?)
Nômade.(O melhor lugar é o que está porvir?)
Quer amar. (Mas sabe como?)
Ressurgir das cinzas. (Renascer é nascer de novo?)
Contradição. (Toda unanimidade é burra? Todo sim precisa do não?)
Cabeça nas nuvens. Coração aflito. (E os pés, no chão?)
Em crise de ceticismo. (Ver para crer?)
Alma em construção. (De barro, aço ou coração?)

Manias


Preciso seriamente encontrar um psicólogo q me diagnostique o TOC. É claro que, estou tentando induzir a “Flor-de-Liz”, mas, toda vez que chego lá, ela me desconstrói tanto que esqueço tudo o que tinha pensado e me vejo cada vez mais desconhecedora dos meus segredos. Voltando a minha auto-análise, (abrindo um parêntese: já me disseram que ao invés de pagar um terapeuta eu deveria usar o dinheiro numa faculdade de psicologia porque corro sempre dois riscos. O primeiro é de não acreditar no que eles me dizem [vê-de o assunto desse post]. O segundo é porque, num determinado momento, vou acabar trocando de lugar com a tal figura e vou analisá-la) sou uma pessoa cheia de manias. Como essa por exemplo, de querer abrir um parênteses nas explicações. Como se eu não pudesse incluir esse discurso no texto corrente e desconexo que ando escrevendo e nas conversas surreais que ando tendo. Mas o universo de manias de nossa ilustre “Reticências” é mais extensão, pois então. Vamos lá:

* ando com uma mania muito chata. De entrar naquela página pra ver se foi atualizada, várias vezes por dia, vários dias na semana...
* tenho pego aquele cartão e retirado quantias que não devo...
* tenho empurrado com a barriga os problemas mais urgentes...
* tenho usado muitas reticências...
* tenho anotado muitas músicas, discos, livros, filmes e shows que devo ouvir, ler e assistir um dia...
* tenho sugerido muitas músicas, discos, livros, filmes e shows e tenho caído no politicamente intelectual e correto, o que eu odeio...
* tenho mania de dizer que odeio o políticamente correto o tempo todo...
* tenho usado essa blusa lilás e esse casaco preto pelo menos uma vez por semana...
* gostaria de ter hieraquizado essa lista, mas a desordem venceu a rigidez...
* tenho entrado no you tube...
* como sucrilhos sem leite, faço gororeba com mucilon...
* chupo limão com sal (para os curiosos, tem que ser aquele limão rosa – que eu não sei porque se chama assim, já que mais parece uma laranja – mas, enfim, eu também não gosto muito do meu nome)
* tenho acreditado em horóscopo, principalmente quando ele diz que as coisas não vão bem...
* tenho lido muito de uma vez, ao mesmo tempo que não leio nada...
* adorei a idéia de lista, vou tentar fazer isso mais vezes...
* estou mais viciada em House do que Lost. Acredito seriamente que posso ser a versão feminina do médico protagonista, tirando a barba, a bengala e a motoca turbinada.Talvez quando o Rodrigo Santoro entrar eu até o troque pelo Hugh Laurie rs.
* escrevo rs, e pra mim, significa um riso sincero. Odeio esse hauhauahuahua, axim, e qualquer pegação fofuxa no msn, e-mail, orkut etc...
* hj odeio o orkut, mas não consigo deixar de me sentir bem qdo vejo como uns babacas estão hj...
* tento escrever bem mas sinceramente escrevo uma porcaria...
* deve ser porque no fundo escrevo pra mim e não pros outros...
* mudo de caminho toda semana, exceto é claro, quando operários nojentos começam a pegar no meu pé qdo eu passo, ódio!
* mania de questionar...
* mania de dizer que já sabia...
* mania da dúvida: ou isto ou aquilo? I don’t know...
* mania de não saber quando parar...
* mania de chegar onde quero...

Falando nisso, por hoje chega!

Quando


Quando você está num beco sem saída
Quando já não há explicações a serem ditas
Quando a vida fica mais amarga e sombria
Quando a verdade provoca grandes feridas

Quando a omissão passa a ser seu aliado
Quando o medo te mantém acordado
Quando o tempo passa e você se desespera
Quando o dia traz o seu pior castigo
Quando o que você precisa está além de um ombro amigo

Quando tudo o que você deseja é um rápido efeito
Quando tudo que resta é um retrato em branco e preto

Eu tenho medo e não sei o que fazer
Eu preciso tentar resolver
Esses problemas que me consomem
Onde está a coragem?
A caixa está aberta...

Segunda feira tensa. Quando os seus fantasmas decidem fazer uma visita. O recado está dado. Mas o que eu faço? Tento pensar em alguma alternativa, mas tudo parece muito distante. Caixa de Pandora.

Hoje é dia do protesto. Protesto contra mim. Contra minhas maiores fraquezas. Contra meus piores pesadelos.

Preciso pensar em algo. As idéias desapareceram. Foram fazer companhia para aqueles sentimentos que ainda estão escondidos aqui dentro. Alguém me ajuda a procurar?

Dias atrás queria mandar tudo pro espaço. Acho melhor reformular. Tudo continua e eu vou pro espaço. Plutão é uma boa. Estão pensando até em destituí-lo de planeta. Aii eu poderia curtir numa boa. No escurinho gelado de uma galáxia distante.

Tempo


Sem delongas...
Perdida em meus pensamentos...
Trabalho feito com prazer...
Conversa gostosa madrugada afora...
Música e poesia...
1 hora para um encontro...
800 motivos para arrancar os cabelos...
1983 anos para entender a vida...
A eternidade para amar...
Trabalho a fazer

Frase: De médico e louco, todo mundo tem um pouco. Cada um com suas proporções rs

Foi


Foi infinito enquanto durou. Ainda bem que acabou cedo.
Pense bem. Como eu seria feliz se a minha vida fosse em função da sua?
Como é que você me amaria quando aquela que estaria ao seu lado fosse apenas um produto fabricado por você?

Sinto muito. Não posso ser o que você deseja.
Posso ser eu. De mau-humor de vez em quando. Despenteada. Quase surda de tanto ouvir música. Que dança pelos cantos...

Que acredita verdadeiramente que o que importa é o conteúdo. Que pode ser feliz sem alguém que complete. Porque somos completos com nossas imperfeições. E porque não temos o controle sobre ninguém.

Que pode te fazer feliz. Mas sem exigir nada em troca.

Queria


Eu queria ter a resposta para todas as suas perguntas.
Queria satisfazer os seus desejos mais secretos.
Queria ser o real de uma imagem que você sempre idealizou.
Queria ser tua companhia nessa caminhada. E cortar os espinhos para que você seguisse ao meu lado.
Queria ser ternura e amor. A brisa suave que cai sobre a sua noite.
Queria ouvir o barulho das ondas, nadar na água gelada.
Queria surfar com você.
Queria que viajássemos sem rumo certo.
Queria te fazer sorrir, e secar suas lágrimas com o coração apertado.
Queria cozinhar pra você. Apresentar-te um mundo de sabores.
Queria te convidar pra dançar. E ouvir música noite afora.
Queria te mostrar muitos livros. E assistir muitos filmes contigo.
Queria ouvir histórias das suas andanças. E partilhar as minhas.
Queria tua mão para me manter firme e o teu peito para afugentar meus medos.
Queria noites, tardes e dias de amor...
Queria ser feliz ao teu lado.
Queria te amar e ser correspondida.
Pena...

Ou


Ou eu fico em casa, sob o edredom e a sala escura;
Ou eu saio pra rua e me aqueço sob o sol

Ou eu desmarco o compromisso e passo para outro dia, talvez, quem sabe;
Ou pego o telefone e ligo confirmando a minha presença.

Ou eu me calo, achando que tudo o que eu tinha pra dizer não tinha importância;
Ou eu grito, para todos me ouvirem.

Ou eu me levanto agora e aproveito o espaço;
Ou eu me sento. Até amanhã. E depois, e depois, e depois.

Bloqueio


Use – Ouse – Puxe – Pule – Durma – Fale – Cale – Dance – Coma – Leia – Veja – Cheire – Transe – Semeie – Deseje – Ame – Seja – Feliz – Sempre!

Como é triste ter a mente bloqueada.
Não queria ter momentos inspiradores o tempo todo. Só naqueles em que eu preciso, como agora.
Tem gente que conta carneiros pra dormir. Será que tem um método parecido pra “brotar” idéias? Oh vida, tinha tanta coisa pra eu escolher na ... Porque fui logo por esse caminho?
Final da 2ª temporada de House. :-(
Perto do começo da 3ª temporada de Lost. :-)
Fazendo hora pra preparar o resumo do pré-projeto...
Comendo chocolate...
Incomodada com o cabelo...
Tempo nublado, nada de eclipse...

Primavera


Ela pega o telefone sem-fio e corre pra área dos fundos.
- Oi amor!
E aquela vozinha que só os melosos conseguem fazer.
Faz questão de comentar o dia bonito e ensolarado. E que, felizmente, o temporal que caiu ontem agora é só uma poça no chão. Diz que ele pode sair com os amigos porque ele merece. E que o trabalho está tranqüilo. Está com saudades. E insiste em dizer que o ama muito...

Eu fui testemunha dessa ação. Faz poucos minutos. Ela não fez isso pra aparecer. Tudo foi discreto, como ela é. Mas eu estava no lugar errado, na hora...

... na hora certa. Queria algo para representar a primavera que chega. E existe coisa mais gostosa do que dizer a alguém que o ama, num dia bonito desses, com pássaros cantando e tudo? E o melhor, do outro lado da linha um conforto para amenizar a distância?

O que? Eu escrevi isso? Putz, que romântico. Estou me superando!*rs

Eles farão um ano de casado em outubro, dia 21. Casamento tradicional, com direito a igreja, vestido de noiva, lua-de-mel... Coisa rara de se ver.Não fui porque não acredito nesse tipo de ritual. Nem por isso desrespeito.

Não se uniram por interesse, porque ela estava grávida, por pressões.Ela alta, ele baixo. Ela dirige, ele não. Ela mulata, ele loiro. Foi por amor. Casaram porque acharam que era a hora. Não que alguma das situações citadas seja um impedimento pra uma vida a dois. Até porque deve ser bem assustador ouvir “até que a morte os separe”. Pior do que “viveram felizes para sempre” porque esse a gente já sabe que é uma furada.

Isso tudo soaria piegas. Mas nesse momento me soou poético. Mesmo que eu pegue o telefone e não tenha ninguém para ligar hoje...

Então Lu, quando me pedirem uma descrição sobre a primavera vou dizer que me lembro de você. Obrigada por me oferecer esse seu momento.

Música: Peter, Bjor and John – Young Folks - acho que eu já citei essa (como anda esquecida essa menina!) mas ela é super apropriada para a cena acima. Disponível nos you tubes e compartilhadores da vida...

Frase: É primavera, te amo!!! *rs. Já fui romântica o suficiente por hoje. Precisava de uma dessas.

Moço


A primeira vez que te vi, estava perdida na minha solidão. Procurando razões para seguir em frente.

Seus olhos mostravam toda sua atenção em me ouvir, em me ajudar.

Nossas mãos se encontraram por um momento. O suficiente para saber que algo estava acontecendo comigo.

As conversas despretensiosas me fizeram companhia naqueles dias em que não havia mais ninguém.

Mas o que eu fiz? Por que fugi de você? Por que não te olho mais nos olhos, por que saio sempre que se aproxima? Medo de não ser retribuída? Covardia em não assumir os sentimentos?

Cada vez que ouço seus passos, fecho os olhos para desfrutar da sua rápida presença.
E a sua voz? Um sotaque gostoso, quase infantil. Sua paciência. Seus segredos.O corpo, o cabelo, as mãos, os lábios... Talvez um abraço, um beijo, podemos?

Cada dia penso em você e penso um pouco mais, sempre mais. O que me resta agora? Lembrar do “se”. Aquilo que poderia ter sido mas não foi. Tudo bem, sentir a sua presença todos os dias já me acalenta o coração.

Eu preciso de você. Talvez não dê mais.

Te desejo. Mas se não ao meu lado, quero que encontre o amor ao lado de quem pode te fazer feliz.

Mesmo assim, te espero.

Vem!
Nasceu no Paraná. Mas poderia ter sido em qualquer um dos 20 estados, incluindo o Distrito Federal.

Do signo de gêmeos com ascendente em câncer. No chinês, Dragão.
Mais um ano completo à 1:30 da madrugada desse sábado, 28 de maio. 21 com carinha de 18. Mentira. Ou seria 14? *rs


Gosta de cabelo comprido. Mas gosta de cortá-los bastante. Atualmente ele está no meio das costas. Já foi castanho claro, escuro, cinza. A cor de hoje é uma dúvida. Loiro, só Deus sabe o tom.
Cabeluda. Gostaria de menos cabelo e que eles fossem mais cacheados.

Cinéfila compulsiva. Nos últimos dias se encantou com um filme espanhol (O Terno) e se surpreendeu com um americano (O Diabo Veste Prada). Pretende comprar uma 16mm para brincar de cineasta.

Faz terapia.

Entrou no orkut quando os brasileiros nem entravam nas estatísticas. Saiu dele quando percebeu que havia mais vigilantes que amigos.

Adora msn. Mas já decidiu tirar umas férias dos comunicadores. É viciada em mensagens sms.

A mania da vez é entrar no Pandora. Tem seis rádios. Uma para cada dia de trabalho.
Algumas pessoas se intimidam com sua presença. Outras se sentem amparadas. Param e contam suas histórias. Sabem que ela pode não estar entendendo tudo o que é dito. Mas nem por isso deixa de manter a atenção.

Tem gastrite nervosa.

A avó paterna é a sua maior idala, nunca pára. Já fez musica, livro, quadros, artesanatos, sabonetes, cremes, bordado, e hoje faz chapéu. Tinha uma certa inclanação ao Partido Comunista. Depois votou no Ulisses Guimarães.

Tem paixão por cerveja. Mas tomou vinho sem grilos quando encontrou com a galera na Argentina. E tomou de novo fazendo companhia pro namorado.

Tem amigos. Muitos que não vê há anos e nem por isso, deixa de saber o que acontece com eles. Por conta da amizade, mantém QG’s em vários cantos do mundo.

Participou de um treinamento na Folha de São Paulo.

Ganhou uma bolsa pra estudar na Faculdade. Mas talvez mude para Londres ou Nova York. Ou fique pelo Brasil.

TPM não se resume a uma sigla. Sinal de perigo a vista.

Já teve a oportunidade de entrevistar muitos dos seus ídolos. E de ficar amiga de alguns deles. Mas a lista é grande, falta muito...

A família também é grande. Mas considera os mais importantes aqueles que vivem com ela.
A irmã faz ensino médio. E companhia em todos os dias.

Não tem comida e perfumes preferidos. Até porque não usa perfume. Gosta do cheiro de canela.

A mãe e o pai? São os melhores que nós temos, como diz sua irmã.

Gosta de fotografia. Mas não de ser fotografada.

E de ouvir histórias, apesar de conta-las muito mal.

Não consegue mentir. Gostou, gostou, não contou, sinto muito. Diz ter um faro para falsidades. Parece que realmente funciona.

Quer fazer tatuagens. Estrelinhas no ombro e uma frase nas costas. Pretende fazer logo.
Não teve muitos namorados. Tem relacionamentos.

Adora fazer compras pela internet.

Daí dá para perceber o quanto gosta de uma preguiça.

Adora esportes. Por conta da insônia virou correspondente esportiva da escola nas olimpíadas de Sidney.

Não tem mais horas vagas.

Não revelou se é feliz.

De vez em quando fala em terceira pessoa...

O grito


Acordou com um grito. Pensou que fosse sonho e tentou voltar a dormir. Mas não conseguiu. Tentou entender o que havia acontecido e explicar àqueles que o ouviram. Foi em vão. O que lhe vinha à mente eram flashs sem sentido, impossível de se fazer qualquer associação.

Ainda assim, sentiu-se diferente. Resolveu fazer algo que normalmente não faria. E companhia àquela pessoa que apesar de recusar ajuda, precisava de atenção.

No dia seguinte, continuou percebendo as diferenças. Desistiu de procurar uma resposta para o ocorrido. Viveu e conviveu. Os dois são diferentes. Quando se vive, simplesmene existe, como uma planta ou um protozoário. Conviver é viver com. Saber que além de você existe outras formas de vida. E mais: interagir com elas sejam plantas, pessoas ou protozoários. O ideal é manter distância de plantas, pessoas, protozoários e outros animais nocivos. Esses são prejudiciais à saúde.Deu um abraço em um amigo que não via há tempos. Insistiu em se mostrar presente ao amigo em crise. Até tomou sorvete no fim da tarde com outro amigo.

Ele gostou dessas mudanças. Ficou bastante feliz. Conseguiu passar seu dia sem maiores preocupações, sem pensar no amanhã, vivendo o clichê de um dia de cada vez. Foi dormir.

Não houve gritos. Dessa vez o pesadelo foi bem nítido e não saiu da sua cabeça. Levantou um pouco decepcionado. Não dava para viver assim pra sempre, só de brisa e amigos.

O que nosso amigo não sabia é que depois daquele grito sua vida não seria mais a mesma. Lavou o rosto, trocou de roupa e saiu de casa. Simplista? E a novidade? Calçou o sapato que não vestia há tempos. E aquela calça que ganhou da namorada que não usava desde que terminaram. Até passou gel no cabelo.

Quando chegou ao escritório recebeu dois avisos. Um bom e um ruim. “Qual escolher?” Não teve chance, foram descobertos ao mesmo tempo. Ganhara um presente. Mas precisava fazer uma ligação nada agradável. “Eu não mereço isso?” É a vida mostrando que é assim que ela segue e que é assim que deve ser encarada: de frente. “Medo já chegam os de injeção, lagartixa e palhaço”, pensou.

Fazia duas horas que estava lá, em meio a protocolos e petições. Cotidiano? Em meio a uma enxurrada de e-mails burocráticos, descobre um convite. Programaço para o feriado. Convida um amigo que declina o passeio. Pensa um pouco e decide ir. Precisa começar a caminhar com as próprias pernas. Sorri com a idéia. Em poucos minutos volta a tensão habitual. E eis que um colega do trabalho (que ainda não é amigo) lhe faz um agrado. E ele sorri de novo. Depois que o colega (que estava se tornando amigo) sai da sai da sala ele ri mais um pouco. Agora é de si. E da sua ingenuidade em não observar as nuances do seu dia. Nem 8 nem 80. Chocolate meio amargo em bolo docinho. Estão ali, dividindo o mesmo espaço e proporcionando boas surpresas.

Esse conto/crônica é para todos que visitam o nosso blog. Para quem apenas lê, para os que comentam, para os que se perderam, para os que me encontraram. Digo nosso porque palavra é semente que podemos plantar em muitos corações. Que bom saber que aquilo que eu escrevo sirve de alento, distração, informação ou alienação para alguém. A todos vocês, muito obrigada.

Se




Se todos os dias fossem sempre iguais?
Se todos os seus amigos se chamassem João?
Se sua fruta predileta fosse limão?
Se ao invés de à frente, andássemos para trás?

Se o seu cabelo fosse cor de abacate?
E a sua pele escamosa?
Se tivesse o dobro da tua atual idade?
E de anônima se transformasse em famosa?

Se a montanha virasse mar?
Se o mar se tornasse vazio?
Se a chuva não parar de desaguar?
Se a avenida se transformar em rio?

Se a estrada não indicar onde ela dá?
Se os caminhos se mostarem dividos?
Se os que vem atrás não puderem esperar?
Se o acaso resolver manter sigilo?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sorte


Alguns seres têm mais sorte que outros... ***************************************************** Descobri que não gosto de casas excessivamente organizadas. Lembram museus. Eu me sentiria um vaso chinês da Dinastia Ming se vivesse numa casa assim. Para quem me conhece: dentro do meu caos, há ordem. Aliás, dentro de qualquer caos há. ***************************************************** Tenho tido lapsos de memória... falta fósforo? O que falta? ***************************************************** Tenho uma pergunta: se você fosse flor, onde gostaria de viver? ***************************************************** Esqueci metade do que queria escrever. A isso me refiro quando menciono meus lapsos. Talvez seja falta de alguma vitamina. Ah! Falta-me a "vitamina A". A de... amor.

Brecht



"Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons; Há aqueles que lutam
muitos dias; e por isso são muito bons; Há aqueles que lutam anos; e são
melhores ainda; Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os
imprescindíveis." (Brecht)

será?!

a“Eu odeio pêssego!” ela dizia.
Mas o que a matou foi o suco de melancia.

(Isso será o começo de alguma coisa. Ainda não sei bem o que é...)

acontece



Prometi dedicar minha manhã a postar algo, visitar alguns cantinhos e ler os jornais. Não necessariamente nessa mesma ordem. E por isso, acabei indo parar no New York Times. Todo domingo ele conta com histórias muito interessantes, sobre gente comum, como nós. E como somos parecidos!


A de hoje era profundamente atrativa pelo título, que tomei emprestado para esse post. Não resisti. E antes de dizer o motivo da minha ausência, de visitar os blogs, tive que ler o que Margaret Meehan tinha a me contar. Seu texto segue abaixo. Grande como são os artigos do NWT. Mas vale a pena.

Aos 23 anos, eu tinha me apaixonado por cigarros, suflê de chocolate, meu gato e (pela TV) James Franco em "Freaks and Geeks". Mas ainda não tinha experimentado um verdadeiro romance humano.Depois de passar meus anos de colégio nas laterais do amor, eu naturalmente desprezava qualquer um que estivesse dentro do jogo. Então cheguei a Nova York dois anos atrás como uma anti-romântica hipócrita que zombava das idealistas de olhar brilhante, considerava o sexo um ato impensado entre dois imbecis e tinha pena das mulheres que perdiam sua identidade e sua independência ao mergulhar naquele vazio insignificante chamado "amor".

Se o Trem do Amor um dia parasse na minha estação, eu pretendia caçoar dos idiotas a bordo, acenando da minha plataforma de solteira auto-suficiente enquanto eles se afastariam e se tornariam um borrão de sentimentalismo no horizonte.

Mas então aconteceu. Numa noite de quinta-feira, enquanto eu entornava vodcas-sodas num bar do East Village, o Trem do Amor achou o caminho do meu coração de gárgula irritada. Freou junto à minha banqueta com um chiado, e ele desceu. Para minha surpresa, eu não apenas o recebi de braços abertos e com uma admiração apaixonada, como passei a sacrificar todo o meu orgulho, amor-próprio e moralidade durante nosso relacionamento de um ano. Tudo em nome do que eu mais detestava: amor!

Ele era absurdamente bonito, quase alienígena com seus lábios grossos, olhos azuis e pele morena. E como naquela virada improvável em todo filme de Molly Ringwald ele se aproximou de mim, uma antissocial. Fiquei cativada e caí presa daquela outra idéia repulsiva reservada aos idiotas: amor à primeira vista. Conversamos sobre Hemingway e Henry Miller, e então nos beijamos apaixonadamente. Depois que ele bateu com a garrafa de cerveja no balcão e declarou "Você vai ser minha namorada!", trocamos telefones.

Nos meses seguintes, sem a permissão de minha lógica ou o bom julgamento do meu intelecto, fiquei enlouquecida por esse músico medíocre mas encantador. Passávamos a noite toda acordados escutando Billie Holiday e Sam Cooke, andamos de mãos dadas a ponto de sentir cãibras pelo parque de Tompkins Square e admirávamos de modo nauseante cada movimento do outro.

Ele rabiscou poemas proclamando sua adoração por meu cabelo, e até por meus dentes, em vários objetos do meu quarto: o retrato de Patti Smith, o manual do meu DVD, uma garrafa de vinho vazia. Tentamos assistir "Antes do Amanhecer" várias vezes, mas sempre tínhamos de parar no meio do discurso meloso de Ethan Hawke, como se estivéssemos ansiosos demais para trocar nossas próprias histórias de traumas de infância, segredos de família e as dores de nossas existências.

Ele gravou canções sobre cavalos e poças de lama em um tom country choroso num gravador barato e me deu as fitas como gestos de amor. Eu as escutava sozinha, ignorando a culpa pelo meu passado de insensibilidade e arrulhando como uma pombinha idiota. Agora sentia-me próxima dos românticos franceses do final do século 19. Tinha passado de uma teimosa Holden Caulfield para uma inebriada Baudelaire.

Quando nos conhecemos, ele dormia num colchão de ar no chão da cozinha do apartamento de seu colega de banda, com a intenção de um dia alugar um apartamento. Depois que ele dormiu em minha casa na primeira noite, mudou-se para meu apartamento sem perguntar, e sem eu realmente perceber. Logo senti falta da minha solidão, do conteúdo da minha geladeira e do dinheiro que eu periodicamente lhe emprestava (ele raramente tinha o suficiente para a passagem do metrô). Mas permiti que ele alimentasse seus vícios em minha casa e com meus recursos, desde que me deixasse alimentar o meu vício: ele.

Mas eu conservava sensatez suficiente para forçá-lo (mas não demais) a procurar um lugar para ele. E foi nessa época, em um passeio à tarde pela minha região do Brooklyn, que ele e eu passamos pelo dilapidado Greenpoint Hotel. Parecia bastante inócuo, não muito distante do rio East.Mas então encontramos uma reportagem de um jornal online afirmando que era um dos estabelecimentos com quartos de solteiro mais usados por prostitutas e viciados em Nova York. E ele decidiu que por US$ 100 por semana o lugar era imbatível. Talvez ele acreditasse que poderia viver seu Kerouac reprimido —o artista torturado juntando-se a um bando de vagabundos depravados para alimentar a produtividade artística.

Minhas reservas aumentaram. Eu não conseguia mais suportar suas excentricidades com humor, dizendo a mim mesma "Ele é tão livre!" ou "É bacana como ele despreza as normas sociais". Mas ainda assim decidi reprimi-las, jogando meus padrões pela janela junto com meu cinismo. O amor provara que eu estava errada: era real e estava lá, suplicando-me para apaziguá-lo por mais deploráveis que fossem as circunstâncias.

Pouco depois de ele mudar para o Greenpoint Hotel, tivemos uma discussão acalorada diante de um bar em Manhattan onde eu tinha comemorado meu 24º aniversário. Para ele, a humilhação de não ter dinheiro suficiente para me pagar uma cerveja superou sua obrigação de ficar e cantar "Parabéns" para mim. Quando ele terminou a única cerveja que podia pagar, saí com ele, chateada porque ele ia embora, mas tentando não ser dramática.

Quando ele acendeu um cigarro, eu disse calmamente: "Estou decepcionada porque você vai embora". E ele respondeu: "Então agora você quer me fazer sentir culpado?" E lá se foi.

Na minha mente saqueada pelo amor, aquela criatura maravilhosa não era apenas meu namorado, mas a própria personificação do amor; a abstração antes intangível havia se tornado uma entidade viva e respirante na qual eu podia encostar meu rosto e envolver meus braços. E eu não ia deixá-lo fugir, ainda mais no meu aniversário.

Então fiz o que qualquer romântica autodestrutiva faria: corri atrás dele. Em plena Avenue A, de vestido de lantejoulas e sapato de salto, correndo como um animal faminto. E quando meus saltos alcançaram as botas marrons do Amor, eu pretendia subjugá-lo. Mas errei e em vez disso me tornei uma bola de raiva enlouquecida, chutando e gritando na noite enquanto ele se afastava cada vez mais —meu idiota, meu namorado, meu amor.

Depois da minha explosão ele parou de se comunicar comigo, um gesto que só aumentou minha paixão. Pela primeira vez na vida eu senti a dor esmagadora do coração; era como se meus órgãos internos estivessem inchados e pressionassem minhas costelas.

Minhas dores comuns pareciam totalmente originais para mim, quase revolucionárias. Passei uma semana inteira (ou foi o que pareceu) agachada nas esquinas das ruas com as palmas das mãos voltadas para o céu, pensando coisas novas como "Ninguém jamais entenderá" e "Esta é a primeira vez na história que uma dor semelhante é sentida por um ser humano".

Em tempos mais felizes, ele havia tocado para mim a canção "Damaged" do Primal Scream, dizendo: "Esta canção me faz amá-la tanto que eu quero morrer".

Então eu cantei a letra em sua caixa postal: "Doces dias de verão quando eu me sentia tão bem, só eu e você, garota, que tempo maravilhoso. Oh, sim, eu me sentia tão feliz, minha, minha, minha", com o "minha, minha, minha" final rouco, quase um grito silencioso, para fazê-lo ter ainda mais pena de mim. Então liguei mais 17 vezes, a cada vez adorando ouvir sua voz gravada.

Eu tinha uma última opção: ir até o Greenpoint Hotel. Depois daquela noite terrível de ligações incessantes, acordei às 8h banhada em suor, em um pânico amoroso. Saí do apartamento e fui na minha bicicleta até a porta do cortiço.

Ele tinha me mostrado seu minúsculo apartamento uma semana antes (sob a condição de que, para minha própria segurança, eu me escondesse embaixo de um capuz e ficasse ao lado dele), e me lembrei do andar e do número do quarto. Entrei hesitante nos corredores turquesa malcheirosos e percorri um labirinto de corredores, passando por homens mal-encarados e rapazes bebendo cerveja.

Prendi a respiração para evitar o fedor de água sanitária e urina enquanto subia os três andares de escadas cheias de papéis de comida, latas de cerveja, sacos de droga e gatos sem dono. Cheguei até a porta dele, na qual havia a seguinte mensagem, escrita em marcador preto: "Por favor não bata forte, sou cardíaco" (palavras aparentemente escritas pelo último inquilino, um velho que realmente morreu na mesma cama em que meu namorado dormia hoje). Sim, eu estava prestes a suplicar o amor de um homem que dormia na cama de um morto em um quarto de 2,5 x 2,5 metros, de aluguel semanal.

Levantei o punho trêmulo até a porta e bati suavemente três vezes, depois mais alto e mais forte, até que estava esmurrando como uma louca. Finalmente desisti e despenquei junto à porta em um monte de soluços.

Então lá estava eu, uma garota com educação universitária e um currículo brilhante, uma família amorosa e todas as outras características incômodas de uma vida maravilhosa, tremendo no chão manchado de urina de um cortiço. E eu fazia tamanha cena que o inquilino do lado, um homem enorme de shorts rasgados, saiu de seu covil, apontou um dedo acusador para mim e gritou: "Garota, você precisa arrumar a sua cabeça".

Eu lentamente me recompus e me arrastei para fora do prédio.

E então meu namorado voltou para mim! Por um mês. E aí anunciou que ia me deixar por outra mulher.

Eu me agarrei a ele e solucei, ensopando sua camiseta branca com minhas lágrimas, batendo meus punhos em seu peito, suplicando a ele e aos deuses que nos permitissem ficar juntos. Mas de repente parei de chorar e gritei, quase confusa: "Espere. Quem quer realmente namorar você?"

Meu momento de clareza finalmente havia chegado. O que eu estava fazendo?

Alguém poderia pensar que essa experiência me deixaria amarga para o amor e traria de volta, como vingança, minha hostilidade ao romance. Mas não. Pelo contrário, e mais uma vez negando a razão, ainda o quero muito. Ou, mais precisamente, quero aquela sensação que tudo consome.

Sim, sou eu. Antes totalmente cínica em relação ao amor, hoje sou prisioneira dele, ou melhor, uma passageira, tendo encontrado um lugar muito confortável no Trem do Amor, lotado com outros tolos patéticos e soluçantes e prestes a partir para destinos condenados, perturbados e talvez até insalubres —onde o coração manda e a mente obedece.


E a manhã está indo embora. Também preciso ir. Volto logo, o mais breve possível.


Bisous


Musica: Secos e Molhados - Amor

desabafo


Vim aqui pra um desabafo corrido.
Ando cheia de emoções e elas não cabem mais aqui no meu peito.
Mas não é um desabafo ruim. É um recomeço.
Vamos resgatar as coisas bacanas do mundo, gente!
Boa sorte pra nós.


Axé!!! e bisous

Musica do dia: Natasha Bedingfield - Unwritten

Razão de ser

escrevo.
e pronto.
escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
ninguém tem nada com isso.
escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céul
embram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
a aranha tece teias.
o peixe beija e morde o que vê.
eu escrevo apenas.
tem que ter por quê?

Mais um domingo assim, desse jeito. Que jeito? Ah, "tem que ter por quê?".
O poema de Paulo Leminski. Falando nele, tenho lido muitos poetas brasileiros. Marginais. Como eu. Como nós.

Bisous

Vitrola: Edith Piaf - Non, je ne regrete rien

quarta-feira, 13 de maio de 2009


A primeira letra do alfabeto é também a primeira letra da palavra amor e se acha importantíssima por isso!
Com A se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau mais triste que existe: "adeus"... Ah, é com A que se faz "abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em príncipe e vice-versa...
Com B se diz "belo" - que é tudo que faz os olhos pensarem ser coração; e se dá a "bênção", um sim que pretende dar sorte.
Com C, "calendário", que é onde moram os dias e o "carnaval", esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada. "Civilizado" é quem já aprendeu a cantar ´parabéns pra você` e sabe o que é "contrato": "você isso, eu aquilo, com assinatura embaixo".
Com D, se chega à "dedução", o caminho entre o "se" e o "então"... Com D começa "defeito", que é cada pedacinho que falta para se chegar à perfeição e se pede "desculpa", uma palavra que pretende ser beijo.
E tem o E de "efêmero", quando o eterno passa logo; de "escuridão", que é o resto da noite, se alguém recortar as estrelas; e "emoção", um tango que ainda não foi feito. E tem também "eba!", uma forma de agradecimento muito utilizada por quem ganhou um pirulito, por exemplo...
F é para "fantasia", qualquer tipo de "já pensou se fosse assim?"; "fábula", uma história que poderia ter acontecido de verdade, se a verdade fosse um pouco mais maluca; e "fé", que é toda certeza que dispensa provas.
A sétima letra do alfabeto é G, que fica irritadíssima quando a confundem com o J. G, de "grade", que serve para prender todo mundo - uns dentro, outros fora; G de "goleiro", alguém em quem se pode botar a culpa do gol; G de "gente": carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo.
Depois vem o H de "história": quando todas as palavras do dicionário ficam à disposição de quem quiser contar qualquer coisa que tenha acontecido ou sido inventada.
O I de "idade", aquilo que você tem certeza que vai ganhar de aniversário, queira ou não queira.
J de "janela!, por onde entra tudo que é lá fora e de "jasmim", que tem a sorte de ser flor e ainda tem a graça de se chamar assim.
L de "lá", onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do que aqui; de "lágrima", sumo que sai pelos olhos quando se espreme o coração, e de "loucura", coisa que quem não tem só pode ser completamente louco.
M de "madrugada", quando vivem os sonhos...
N de "noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro.
O de "óbvio", não precisa explicar...
P de "pecado", algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou.
Q, tudo que tem um não sei quê de não sei quê.
E R, de "rebolar", o que se tem que fazer pra chegar lá.
S é de "sagrado", tudo o que combina com uma cantata de Bach; de "segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo": quando o beijo é maior que a boca.
T é de "talvez", resposta melhor que ´não`, uma vez que ainda deixa, meio bamba, uma esperança... de "tanto", um muito que até ficou tonto... de "testemunha": quem por sorte ou por azar, não estava em outro lugar.
U de "ui", um ài" que ainda é arrepio; de "último", que anuncia o começo de outra coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade de virar nenhum, pede cuidado.
Vem o V, de "vazio", um termo injusto com a palavra nada; de "volúvel", uma pessoa que ora quer o que quer, ora quer o que querem que ela queira.
E chegamos ao X, uma incógnita... X de "xingamento", que é uma palavra ou frase destinada a acabar com a alegria de alguém; e de "xô", única palavra do dicionário das aves traduzida para o português.
Z é a última letra do alfabeto, que alcançou a glória quando foi usada pelo Zorro... Z de "zaga", algo que serve para o goleiro não se sentir o único culpado; de "zebra", quando você esperava liso e veio listrado; e de "zíper", fecho que precisa de um bom motivo pra ser aberto; e de "zureta", que é como a cabeça da gente fica ao final de um dicionário inteiro.