domingo, 28 de junho de 2009

Ressaca


Gostar hoje do que vc não gostava ontem.
Não caber e deixar vazar. Saber tudo,alguma coisa ou quase nada.
Deitar-se na grama.
Se afogar em um quarto vazio.
Voar de avião,dançar,ver o sol raiar.
Criar conflitos.
Achar uma pessoa no bolso.
Transar fazer amor, ou tudo ao mesmo tempo.
"Tirar a inteligência das coisas para vê-las"...
Achar a doçura e loucura de todas as coisas.
Ouvir um disco que vc nunca ouviu antes.
Contar uma mentira.
Errar,perdoar,reparar.
Escrever uma carta sabendo que não vai mandá-la.
Ler um jornal velho.
Chorar de saudade.
Dormir, comer, descobrir uma coisa nova.
Tudo que é quase igual, mas não se pareçe em nada.
Discutir um assunto,
Falar eu te amo para quem vc nem sabe.
Esquecer uma coisa, ou todas.
Qualquer coincidência é mera semelhança.
O que muda um dia para o outro não é o sol que nasceu, ou o número no calendário mas sim,um novo amor.
Não importa se por um objeto, por alguém que vc nunca viu ou que já amava antes.
Um novo dia é a morte de um amor para o nascimento de outro, mesmo que esse outro tenha sido ontem o novo amor que iria morrer hoje para se tornar o amor de amanhã. Um novo dia é uma outra forma de amar a mesma coisa.
Pode ser um ódio cego ou um amor bobo que durará poucos batimentos.
E não tem nada que te salve de ficar preso em algum ontem, eternamente repetindo o mesmo bom dia, boa tarde e boa noite.
Um novo dia é vc mesmo cutucar com vara curta sua própria onça.
O que não sobrevive a um assassinato por segundo, não aguenta nenhum para sempre.
O sol nasce, e não está nem aí pra gente.
Não queira tirar o seu da reta.
Levante-se vá vc mesmo arrancar a folhinha do seu calendário.
Empurrar o sol para cima do horizonte, depois derrubá-lo ladeira abaixo e carregar a lua nas costas.
Dizer o que te envergonha,o que vc sonha. Olhar no olho de uma mulher linda.
Decorar uma musica.
Um novo dia é um porre sem beber.E depois se orgulhar da ressaca.

Felicidade



Por muito tempo, eu pensei que a minha vida fosse se tornar uma vida de verdade.
Mas sempre havia um obstáculo no caminho, algo a ser ultrapassado antes de começar a viver, um trabalho não terminado, uma conta a ser paga. Aí sim, a vida de verdade começaria.

Por fim, cheguei à conclusão de que esses obstáculos eram a minha vida de verdade.
Essa perspectiva tem me ajudado a ver que não existe um caminho para a felicidade.
A felicidade é o caminho!
Assim, aproveite todos os momentos que você tem.
E aproveite-os mais se você tem alguém especial para compartilhar, especial o suficiente para passar seu tempo; e lembre-se que o tempo não espera ninguém.
Portanto, pare de esperar até que você termine a faculdade; até que você volte para a faculdade; até que você perca 5 kg; até que você ganhe 5 kg; até que seus filhos tenham saído de casa; até que você se case; até que você se divorcie; até sexta à noite até segunda de manhã; até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova; até que seu carro ou sua casa tenham sido pagos; até o próximo verão, outono, inverno; até que você esteja aposentado; até que a sua música toque; até que você tenha terminado seu drink; até que você esteja sóbrio de novo; até que você morra; e decida que não há hora melhor para ser feliz do que agora mesmo...
Lembre-se: felicidade é uma viagem, não um destino.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

TEMPO


Tem época na vida da gente que parece que os encontros 'amorosos' são mais uma provocação do que uma oportunidade de se sentir satisfeito e feliz... Assim, vamos contabilizando decepções e desacreditando na possibilidade de viver uma experiência positiva e motivadora.

Quando isso acontece, creio que o melhor seja parar. Uma pausa para aprender. Ou melhor, antes apreender. Perceber o que está acontecendo, quais são nossos verdadeiros desejos e quais tem sido nossas atitudes para torná-los concretos.

Muitas vezes, fazendo uma análise mais justa e desapegada, sem assumir nenhum papel, nem o de vítima das armadilhas da vida, nem da sacanagem dos outros e nem o de culpado, como se tudo o que fizéssemos estivesse definitivamente errado, terminamos descobrindo que há alguma incoerência nisso tudo.

Só que para isso precisamos de tempo... e principalmente de coragem para admitir limitações, assumir pensamentos negativos e confiar mais na sabedoria da vida e seu ritmo. O que acontece, no entanto, é que a maioria de nós não quer esperar, não quer refletir. Tem apenas um único pensamento que alimentamos o tempo todo: quero namorar, quero ter alguém!!!

Será que estar com alguém é o mesmo que estar feliz? Pode ser que sim, mas pode ser que não... e se por qualquer motivo você não tem ficado com quem deseja, talvez seja o momento ideal para um intervalo, tão útil entre uma decepção e outra...

Tempo de se observar, de observar as pessoas e ouvir o que elas dizem. Tempo de aprender, crescer, ter uma nova conduta, desenvolver uma nova postura. Aguardar até que a vida lhe mostre qual é o melhor caminho a seguir... mas para ver, você precisa estar atento... sem tanta ansiedade, sem tanto desespero para tentar fazer com que as coisas aconteçam do jeito e na hora que você quer...

E se nenhuma resposta vier, talvez signifique que você precisa ver e ouvir com o coração. Respeitar o silêncio. Aceitar a ausência de quem você tanto deseja encontrar... Talvez não haja uma resposta e nem haja uma explicação.

E se insistirmos em não aceitar, em brigar, em nos rebelar, em nos revoltar... conseguiremos tão somente mais dor... e menos amor. Aceite que você não tem o controle, que você não pode decidir sozinho, que o universo tem seu próprio ritmo. Faça o que está ao seu alcance; faça a sua parte... e bem feito; da melhor maneira que puder...

E o que não puder, entregue e espere... porque embora diga sabiamente a música "quem sabe faz a hora, não espera acontecer", tem ocasiões nesta vida em que quem sabe espera acontecer e respeita a hora de não fazer... até que um dia, o amor de repente acontece... porque seu coração estava exatamente onde deveria estar para ser encontrado.

domingo, 21 de junho de 2009

Estações


Em uma tarde de outono você lembra-se de uma outra tarde lá na sua infância.
Você fazendo o que gostava. Por mais que você tente ser racional aquela cena te induz a entender aquele momento como a essência da sua vida.

Já uma lembrança de verão traz emoções das quais pareciam mais fortes quando você era jovem.
Lembrando um amor, você respira fundo e acredita que viveu da maneira correta, ou por mais que volte no tempo, iria deixar tudo como foi.

As flores da primavera tentavam te consolar sobre aquela perda.
Não sabe onde, mas um dia você acordou e sua vida não estava mais lá.
Alguém roubou o motivo pelo qual seu organismo lutava por mais e mais sentimentos.

E nesta fria noite de inverno você, sentado ao lado da própria lápide, pensa se foi capaz de apenas viver. Sabe que não sabe se viveu da maneira certa e já se conformou que não há como saber. As preocupações de diversos gêneros que te atacaram quando vivo, hoje só permeiam as faculdades responsáveis pela lembrança.

Você não quer perder toda a sua vida, porque não viveria diferente, porque até onde ainda sabe, a oportunidade foi única.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

10 por cento


Poucas tantas certezas

Primeira:

“Rodeio”

O mais fácil é fazer
sempre a mesma coisa.
Os mesmos hábitos.
Os mesmos pensamentos.
A mesma reflexão.
O mais simples é ir
sempre aos mesmos lugares.
Cometermos os mesmos erros,
aprendermos a mesma lição...
O mais prudente é não mexermos
em time que está ganhando !
O mais coerente
é a rotina enfadonha !
Assim não se atrita
nossa zona de conforto,
nem se arrisca,
nem se sabe se está morto !

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Segunda:

“Informação”

Não precisam me dizer
que o tempo passa...
Me omitam isso.
Escondam os relógios.
Arrebentem as precárias ampulhetas.
Silenciem o tiquetaquear
dos marcadores universais do Tempo.
Calem os cucos.
Destruam os digitais.
Atrasem os vôos...
Acabem com qualquer
associação
ao ato de
cronometrar o tempo !


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Terceira:

“Senhor Dez Por Cento”

Eu não sou nem
dez por cento
do que eu penso !
Eu não sou nem
dez por cento
dos rostos
que me olham na rua...
Eu não sou nem
dez por cento
das minhas idéias
mirabolantes.
Eu não sou nem
dez por cento
da minha total idade.
Eu não passei
nem dez por cento
da minha vida
acordado
e focado
em mim...
Eu não passei
nem dez por cento
de todos os meus
momentos felizes
amando o homem
dos meus sonhos !
Eu não consigo conceber
o que seja dez por cento
de todo esse tempo
em que me propus
a divagar sobre algo !
Porque dez por cento
é conta redonda demais...
padrão demais
praquilo
que não é padrão !
Dez por cento
é gorjeta de garçom,
é “couvert” artístico,
é desconto de Imposto de Renda,
é uma pensão alimentícia
hipotética...
Dez por cento
é o que perdemos
de cabelos
a cada três anos,
estatísticas tolas e imprecisas .
Dez por cento
não é o meu ideal
de uma noite feliz !

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Namorado


Quem não tem namorado
é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo.
Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil por que namorado de verdade é muito raro.
Necessita de adivinhação, de pele, de saliva,
lágrimas, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil .
Mas namorado é mesmo difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito,
mas ser aquele a quem quer se proteger
e quando se chega ao lado dele a gente treme,
sua frio e quase desmaia, pedindo proteção.
A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira,
basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor,
é quem não sabe o gosto de namorar.
Se você tem três pretendentes , dois paqueras,
um envolvimento e dois amantes,
mesmo assim pode não ter um namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva,
cinema sessão das duas, medo do pai,
sanduíche de padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho,
quem se acaricia sem vontade de virar sorvete
ou lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade.
Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida,
escondida, fugidia ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas,
do carinho escondido na hora em que passa o filme,
de flor catada no muro e entregue de repente,
de poesia de Fernando Pessoa,
Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar,
de gargalhadas quando fala junto ou descobre a meia rasgada,
de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia
ou mesmo metrô, nuvem, cavalo alado,
tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado,
fazer sesta abraçado, fazer compras junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor,
nem ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele,
abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e do amado e sai com ela para parques, fliperama,
beira d´agua, show de Milton Nascimento,
bosques enluarados, ruas de sonho ou musical do metrô.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele,
quem não dedica livros, quem não recorta artigos,
quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado.
Não tem namorado quem ama sem gostar,
quem gosta sem curtir, quem curte sem se aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto
de ser lembrado de repente no fim de semana,
de madrugada ou no meio dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar,
quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações,
quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem não fala sozinho,
não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre
e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos,
ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu
aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar
e de repente começar a fazer sentido."

Horas


Há certas horas, em que não precisamos de um Amor...
Não precisamos da paixão desmedida...
Não queremos beijo na boca...
E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...
Sem nada dizer...

Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...

Alguém que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos teça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade
inquestionável...

Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer:

Acho que você está errado, mas estou do seu lado...

Ou alguém que apenas diga:

Sou seu amor! E estou Aqui!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Segredos

Segredos..
Toda a gente tem...uns intimos, uns nem tanto....
Uns até contamos..outros nem pensar!
Gosto de ter segredos... ter a possibilidade de decidir ..o que quero ou não contar, a minha vida, as minhas historias.... as minhas vivências!
Dona da minha vida, dos meus segredos, dos meus sonhoss....
São estas pequenas coisas que seguram a vida.... as coisas intímas...que nos põem um sorriso na cara só de pensarmos nelas....e as vezes queremos partilha-las com os outros..outras vezes queremo-las só para nós...para podermos ser só nós a desfrutar do sorriso que...esses segredos nos proporcionam!
Gosto de ter segredos ... =)

Vago

Meu antes eu escrevi
Para a vida que não era
Minha e nem imaginava ser.
Passaram-se dias e noites
Até eu encontrar
O que é meu na primeira esquina
Que eu percorria todo dia,
Que eu sempre passava,
Às vezes parava.
O meu eu estava no seu sorrir,
Tímido como a mim,
Frente à exposição.
O meu antes vale,
Mas agora nem sei onde está.
Meu antes era você em penumbra
Da minha sombra tardia,
Alma límpida cheia de paz
Que não me exaspera.
E assim amo a mim,
Pois o meu antes agora se tornou meu é.


sexta-feira, 5 de junho de 2009

Perspectiva


Adoro reticências! As reticências dizem tanto sobre a nossa forma de ser... Elas permitem a livre divagação da fantasia humana, nos dão o sentido da continuação, nos permitem sonhar... O que seria de nós sem a expectativa de continuação? O que faríamos se não pudéssemos imaginar o que vem depois? Não há nada mais angustiante do que me deparar com um ponto final. O final da frase é para mim algo como a morte de uma idéia, a definição crua de uma verdade, a impossibilidade de pensar no depois. Quando me vem um pensamento, quase nunca consigo materializá-lo. Ele viaja a anos luz de minha capacidade de verbalização ou escrita. Pôr um ponto final é, por isso mesmo, sacrificar a riqueza imaginativa de que somos capazes em prol de uma mera coerência textual. As reticências me dão a sensação do absoluto, do infinito possível depois da racionalização, tanto quanto me transmitem o vago, a imprecisão, a incerteza, todos faces da mesma moeda... Flutuar no terreno destes três pontinhos é algo como acompanhar Alice em suas maravilhas, esperar pelo boto na beira do rio, visitar o reino de Oz, buscar o fim do arco-íris, entrar com Maída pela porta da poesia... É a expectativa do “talvez...”, do “e então...” do “quem sabe...”. É a emoção diante do que pode ser, do que já é, mas que ainda não é realmente. Esta é uma mágica sensação que só é possível àqueles que se permitem sonhar, que se extasiam ao contemplar o nada, que não esperam ser compreendidos, e, na verdade, nem querem compreender, àqueles que nunca se cansam de imaginar... e agora, o que será?


(...)

Ain, tô mal, saco cheio, bolachas, coca-cola, Benhê, beijos, noite, insonia, filme, jogos, bolo.
Não sai da minha cabeça mais!!!!
*-*
a.e.