sexta-feira, 12 de junho de 2009

10 por cento


Poucas tantas certezas

Primeira:

“Rodeio”

O mais fácil é fazer
sempre a mesma coisa.
Os mesmos hábitos.
Os mesmos pensamentos.
A mesma reflexão.
O mais simples é ir
sempre aos mesmos lugares.
Cometermos os mesmos erros,
aprendermos a mesma lição...
O mais prudente é não mexermos
em time que está ganhando !
O mais coerente
é a rotina enfadonha !
Assim não se atrita
nossa zona de conforto,
nem se arrisca,
nem se sabe se está morto !

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Segunda:

“Informação”

Não precisam me dizer
que o tempo passa...
Me omitam isso.
Escondam os relógios.
Arrebentem as precárias ampulhetas.
Silenciem o tiquetaquear
dos marcadores universais do Tempo.
Calem os cucos.
Destruam os digitais.
Atrasem os vôos...
Acabem com qualquer
associação
ao ato de
cronometrar o tempo !


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Terceira:

“Senhor Dez Por Cento”

Eu não sou nem
dez por cento
do que eu penso !
Eu não sou nem
dez por cento
dos rostos
que me olham na rua...
Eu não sou nem
dez por cento
das minhas idéias
mirabolantes.
Eu não sou nem
dez por cento
da minha total idade.
Eu não passei
nem dez por cento
da minha vida
acordado
e focado
em mim...
Eu não passei
nem dez por cento
de todos os meus
momentos felizes
amando o homem
dos meus sonhos !
Eu não consigo conceber
o que seja dez por cento
de todo esse tempo
em que me propus
a divagar sobre algo !
Porque dez por cento
é conta redonda demais...
padrão demais
praquilo
que não é padrão !
Dez por cento
é gorjeta de garçom,
é “couvert” artístico,
é desconto de Imposto de Renda,
é uma pensão alimentícia
hipotética...
Dez por cento
é o que perdemos
de cabelos
a cada três anos,
estatísticas tolas e imprecisas .
Dez por cento
não é o meu ideal
de uma noite feliz !